"Monges,
estas oito condições mundanas giram em torno do mundo, e o mundo gira em torno
destas oito condições mundanas. Quais oito? Ganho, perda, status,
desgraça, repreensão, louvor, prazer e dor. Estas são as oito condições mundanas
que giram em torno do mundo, e o mundo gira em torno destas oito condições
mundanas."
"Para uma pessoa tola e não instruída surge ganho, perda, status,
desgraça, repreensão, louvor, prazer e dor. Para um instruído discípulo dos
Nobres surge também ganho, perda, status, desgraça, repreensão, louvor, prazer
e dor. Então qual é a diferença, qual é o fator que distingue entre um
discípulo bem instruído dos Nobres e uma pessoa inculta e não instruída?"
- -- Anguttara
Nikaya 8.6
Kisagotami era a filha
de um homem rico da cidade de Savatthi; ela era conhecida como Kisagotami por causa
do seu corpo esbelto (kisa
significando ‘magra’). Kisagotami era casada com um jovem rico e um filho
nasceu do casal. O garoto morreu quando ainda era apenas um bebê e Kisagotami
ficou arrasada pela perda. Carregando o corpo de seu filho morto, ela saiu
pelas ruas implorando por um remédio que trouxesse a criança de volta à vida para
cada pessoa com quem ela se deparava. As pessoas começaram a pensar que ela
havia enlouquecido. Mas um sábio homem vendo a sua condição achou que ele
pudesse ser de alguma ajuda a ela. Então, ele disse, “O Buda é a pessoa a
quem você deve procurar, ele tem o remédio que você busca; vá até ele”. Assim,
ela foi até o Buda e pediu a ele pelo remédio que restauraria seu filho morto à
vida.
O Buda a instruiu que
trouxesse até a ele sementes de mostarda (o tempero mais barato da época) de
uma casa onde não houvesse ocorrido nenhuma morte. Carregando o seu filho em
seus braços, Kisagotami foi de casa em casa, pedindo por algumas sementes de
mostarda. Todos estavam dispostos a ajudá-la, mas ela não conseguiu encontrar
nenhuma casa onde a morte de alguma pessoa não tivesse acontecido. Então, aos
poucos ela percebeu que a família dela não era a única que havia se deparado
com a morte e que havia mais pessoas mortas do que vivas. Assim que ela
compreendeu isso, sua atitude em relação ao seu filho morto mudou; ela já não
estava mais apegada ao corpo da criança.
Ela deixou o corpo em
uma floresta e voltou ao Buda e relatou à ele o ocorrido. Então o Buda disse, “Gotami, você pensava que você era a única
pessoa que havia perdido um filho. Assim como você pode ver, a morte chega para
todos os seres. Antes que seus desejos sejam saciados, a morte chega para todos
os seres”. Ao ouvir isso, Kisagotami compreendeu a impermanência, insatisfatoriedade
e insubstancialidade dos agregados e atingiu a fruição de Sotapanna.
Logo após isso,
Kisagotami tornou-se uma bhikkhuni (monja). Certo dia, conforme ela estava
acendendo algumas lâmpadas, ela viu as chamas surgindo cintilantes e logo em seguida
se apagando, e de repente ela viu claramente o surgimento e desparecimento dos
seres. O Buda, através de seu poder supranormal a viu de seu mosteiro, e enviou
seu resplendor e apareceu diante dela em pessoa. Kisagotami foi aconselhada a
continuar meditando sobre a natureza impermanente de todos os seres e
esforçar-se bem para alcançar Nibbana.
Então o Buda falou em verso o seguinte:
Melhor
do que cem anos na vida de uma pessoa que nunca vê o Imortal (Nibbana) é um dia
na vida de uma pessoa que vê o Imortal.
Tão logo Kisagotami tinha terminado de ouvir estes versos, ela atingiu o estado de Arahant (santidade).
A seguinte história é o relato para o verso 114 do Dhammapada.
Muito obrigado Davi, eu gosto de conhecer os comentários do canone, acho interessante.
ResponderExcluir